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  • Foto do escritorFilipe Vilhena

“Tua”: A banda da Póvoa de Varzim que “respira” rock

Atualizado: 17 de jan.

Póvoa de Varzim viu nascer em 2022 a banda de rock “Tua”, atualmente com Laura Costa (vocalista), André Regufe (guitarrista), José Luís Ferreira (baixista), Rui Sargo (teclista) e Luís Coentrão (baterista). Composta por um grupo apaixonado por música, a banda tem, há cerca de um ano, a presença da vilacondense Laura Costa, de 20 anos, que nos fala dos objetivos do grupo e do concurso de Bandas de Garagem da Queima das Fitas do Porto, que venceram em 2023. A aluna do terceiro ano do curso de Ciências da Comunicação revela ainda as dificuldades de estudar e fazer parte de uma banda em simultâneo.


Tua cantam o original "Forever"

A banda "Tua" surge na Póvoa de Varzim, mas já percorreu vários locais do distrito do Porto | Foto Inês Moreira/D.R.

 

Porto Cultural (P.C.) – Quando começou o gosto pela música? Que estilos a influenciavam nessa altura?

Laura Costa (L.C.) – O gosto pela música acompanha-me desde pequena. A minha mãe diz-me, em tom de brincadeira, que quando eu estava na barriga dela, já dançava. Sempre gostei muito de música. Quando era pequena, entrei para um grupo de dança, onde, posteriormente, se acrescentou a vertente de teatro. Mais tarde, esse mesmo grupo criou um grupo de canto e eu, dos 6 aos 18, participei em várias atividades culturais, muitas delas sexta-feira e sábado. Foi aquando da minha participação no coro que percebi que cantar era das minhas atividades preferidas. Aos 14 anos comecei a ter aulas de canto e, na Escola de Música da Vila (Vila do Conde), explorei mais as minhas capacidades musicais. Foi então que foi criada uma banda de rock, com génese mais moderna, e eu percebi que essa era mesmo a minha paixão. Conheci também nessa altura novos estilos musicais. Anteriormente, era mais direcionada para o pop e mainstream, mas comecei depois a ouvir Nirvana e os Queen.

P.C. - Depois das aulas de canto, qual foi o passo seguinte?

L.C. - Aconteceram imensas coisas antes de chegar à banda “Tua”. Um dia recebi um convite da Escola de Música da Vila, uma vez que uma vocalista de uma banda tinha ido embora e precisavam de outra voz. O diretor da escola indicou-me e eu fui para a banda BaCCO Band. Esse grupo musical só fazia covers em português e eu aprendi muito lá, porque me fui desinibindo nos concertos. Diria que não foi possível crescer mais, uma vez que a pandemia da covid-19 surge e interrompe a nossa atividade. Senti as asas cortadas nesse sentido. Posso acrescentar, ainda assim, que fiz um concerto “para carros” em Vila do Conde, uma experiência bastante engraçada. Existia um palco e um estacionamento e o público estava dentro dos carros. Lembro-me de dizer “liguem os para-brisas” para brincar com as pessoas. Quando fui em Erasmus para Bilbau, uma rapariga foi substituir-me na banda e eu sempre achei que voltaria. Foi aí que recebi o convite dos “Tua” e comecei a pensar se não queria arriscar fazer os meus temas originais. Depois de ter tomado a decisão e ter abandonado os BaCCO Band, comecei a nova fase, onde me mantenho até ao momento.


Laura Costa em algumas atuações dos "Tua" | Fotos Inês Moreira/D.R.

P.C. – Como é que os seus pais lidaram com o facto de gostar tanto de música? Eles perceberam desde cedo que este poderia ser o caminho? Já a incentivavam a seguir música?

L.C. - Sim, já me incentivavam a seguir o caminho da música. Os meus pais nunca me “cortaram as asas”, mas sempre me disseram para ter um plano extra, caso não conseguisse vingar no mundo da música. Neste caso, os meus pais incentivam-me a continuar o meu curso em Ciências da Comunicação e a não deixar de lado as experiências que advêm do “mundo académico”. As artes têm sempre o inconveniente de ser, por norma, uma área difícil para encontrar um trabalho mais estável.

P.C. - Acha que poderá ter a música como atividade principal ou também partilha desse pensamento de que em profissões ligadas às artes, existe sempre maior dificuldade em encontrar trabalho?

L.C. - Estou numa fase em que não consigo ter uma resposta clara para essa questão. Eu comecei nos “Tua” pensando que iria atuar apenas aos fins de semana em alguns cafés. É claro que pensei em fazer originais, mas nada muito sério. Contudo, começaram a surgir mais oportunidades e agora estamos a repensar e a equacionar a hipótese de realmente conseguirmos viver da música. Estamos numa altura em que começámos a gravar originais e a próxima fase é tentar distribuir as nossas músicas e tentar a sorte.

P.C. - Como é conciliar a vida académica com a banda?

Conciliar a vida académica com os “Tua” é um caos, por vezes. Um ensaio, por norma, tem a duração total de duas a três horas e em casa temos também de praticar sozinhos. O facto de ser eu a comunicar com o público, faz com que tenha também de ensaiar o que vou dizer. Não é uma tarefa fácil ser vocalista de uma banda, mas como gosto muito da parte de cantar e comunicar, para mim faz sentido continuar, mesmo que seja stressante.


"Os Tua" gravaram alguns momentos da atuação na Queima das Fitas do Porto | Reprodução Instagram/"Tua"


P.C. - Venceram o concurso de Bandas de Garagem da Queima das Fitas do Porto, em 2023. Tiveram mais ensaios nessa altura?

L.C. - Foi muito intenso. Temos sempre um ensaio por semana, mas nessa altura tivemos quatro, para ficar tudo “direitinho”. Não pensamos, contudo, em participar novamente, porque temos o pensamento de que aquele tipo de concursos existe para dar a conhecer novos projetos. Já tivemos o nosso momento, vamos dedicar-nos a outros prémios.

PC. - A banda “Tua” já existia antes da sua entrada. Como foi esse processo?

L.C. - É verdade, a banda já existia. Começou no verão de 2022, mas a vocalista acabou por abandonar o projeto e, como tínhamos amigos em comum e os outros elementos apreciavam a minha voz, acabei por ser convidada a entrar no projeto, onde estou há cerca de um ano.


"Não damos ainda um concerto só com originais, mas o objetivo é fazê-lo" (Laura Costa).

P.C. - Que tipo de música faz parte do vosso reportório?

L.C. - Começámos a tocar covers, porque no fundo é que o público quer nos cafés, uma vez que gostam de saber as letras e, num momento de convívio, funciona. Contudo, temos também os nossos originais. Não damos ainda um concerto só com originais, mas o objetivo é fazê-lo.

P.C. - Escrevem mais canções em português ou inglês?

L.C. - Eu gosto de escrever poemas, mas não tinha muito à vontade para escrever música, porque tenho pouca formação nesse sentido. O guitarrista da banda é o aposto, ele prefere compor melodias e acordes e eu estou mais à vontade com a letra. Nesse sentido, juntámo-nos e percebemos que somos uma boa equipa. É claro que existe um trabalho conjunto do resto da banda, mas, normalmente, temos a união da “minha” letra, com a parte musical do André Regufe. Se for eu a começar a letra, à partida vai ser em português. O André Regufe tem muito a questão do “rock internacional” dos anos 80, então acrescenta sempre palavras em inglês – por isso, temos uma mistura. Não acho que essa questão seja muito prejudicial, porque já vi várias bandas que utilizam estratégias semelhantes, de misturar duas ou mais línguas, e estão a dar-se bem com isso. Temos uma grande referência, que é a banda Måneskin, que tanto compõe em italiano, como em inglês.


José Luís Ferreira, André Regufe, Rui Sargo e Luís Coentrão completam o grupo | Fotos Inês Moreira/D.R.

P.C. - O facto de comporem em português poderá ser um entrave para chegarem um bocadinho mais longe?

L.C. - Penso que não. Contudo, posso até assumir que na “Tua” as opiniões dividem-se. Há quem ache realmente que compor e cantar em inglês nos vai levar mais longe. Na minha opinião, primeiro faz sentido conquistar o público português, porque é aqui que estamos e não vamos sair daqui tão cedo. Além disso, tenho mais facilidade em escrever em português. As próximas músicas vão ser feitas na nossa língua, por isso, desde que tenhamos um bom trabalho e com qualidade (onde existam algumas músicas em inglês), o português não nos vai impedir de ter mais sucesso. Sinto-me mais confortável a apostar num objetivo mais alcançável, no caso o público português.


P.C. – Que bandas portuguesas inspiram os “Tua”? E para si, enquanto vocalista, que artista a influencia?

L.C. - Existem alguns exemplos para a banda. Pela atitude e pelo trabalho que fizeram ao longo de vários anos, os “Amor Electro”, onde realço a Marisa Liz. Destaco também dos “The Gift” e os “Ornatos Violeta”, pela postura descontraída. São as três bandas portuguesas que têm influência nos “Tua”. Para mim, a nível de letras, gosto muito da Carolina Deslandes. Não tem um registo musical parecido ao que temos na nossa banda, mas a nível de escrita influencia-me muito. É uma artista que diz tanto numa só letra, é muito profunda. Gosto bastante de ouvir o que ela tem para dizer.



Laura Costa fala dos artistas que a influenciam a si e à banda

P.C. - Os “Tua” são convidados habituais noutros eventos, que divulgam nas vossas redes sociais. Têm o apoio de alguma autarquia?

L.C. - Temos tido muita sorte, porque a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim tem sido bastante atenciosa para com o nosso grupo. Sempre que há uma feira ou qualquer outro evento, os “Tua” estão lá. É muito importante ter o apoio da autarquia quando iniciamos um projeto.

P.C. - Até onde pretendem chegar com os “Tua”?

L.C. - Temos em mente crescer e fazer disto a nossa profissão a tempo inteiro. Contudo, temos também os pés na terra. Temos dois planos, um deles é o curso de licenciatura que estamos a fazer, mas temos a noção de que o outro plano (a banda) pode crescer, por isso, vamos dar o máximo que conseguirmos para que tenhamos aqui o nosso futuro.



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